Aos 24 anos, a ex-aluna da FGV Direito Rio, Bruna Brilhante Pelluso, conseguiu o tão almejado cargo na ONU, em Genebra, na Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Trabalhar na Organização das Nações Unidas sempre foi um sonho para Bruna, que desejava poder ajudar e influenciar a vida das pessoas. “Eu sempre achei muito legal essa coisa da ONU ser o único órgão no mundo que traz todos os países juntos, que traz sociedade civil, academia, setor privado. Eu achava que era uma oportunidade única estar lá, pois você está no topo das discussões”, diz Bruna.
O caminho para a realização desse sonho não foi fácil. “Eu queria muito ter uma carreira internacional e eu queria muito trabalhar na ONU, mas eu não sabia exatamente como. Quando entrei na faculdade, eu já sabia que eu gostava de Direitos Humanos e Direito Internacional, mas eu não gostava de nenhuma outra área. As outras áreas para mim eram muito difíceis. ” Aluna bolsista da graduação, Bruna encontrou bastante dificuldade para cursar algumas disciplinas obrigatórias, principalmente no primeiro ano da faculdade, quando pensou em desistir do curso. “Eu não gostava de muitas matérias do curso de direito, não eram matérias que eu tinha facilidade, não eram matérias que eu tinha o menor interesse, mas eu consigo ver que os skills que eu desenvolvi foram muito úteis. Eu aprendi coisas que são muito essenciais para a vida. Foi um exercício muito bom de desenvolver uma capacidade de ler e escrever muito, de criar pensamento crítico muito forte.”
Na FGV Direito Rio, Bruna encontrou apoio e orientação que a ajudaram a traçar um caminho para seu objetivo: “A FGV atendeu muito bem a área que eu tinha interesse, por mais que não houvesse precedentes. Eu não conhecia ninguém que trabalhava com Direitos Humanos, ninguém que trabalhava na ONU que estudasse na FGV, mas todo mundo na Escola sabia que o que eu queria e eu recebi muito apoio e orientação para fazer tudo voltado para essa área.”
Durante a graduação, Bruna fez um intercâmbio para a Holanda e participou de uma competição de Direitos Humanos, um julgamento simulado (Moot Court). No intercâmbio, orientada pelo professor Michael Mohallem, ela escolheu uma faculdade voltada para o tema, onde conseguiu cursar disciplinas do curso de mestrado em Direitos Humanos. “Como os 2 últimos anos são flexíveis na FGV, eu fiz as minhas eletivas todas voltadas para minha área. Como eu já estava no 4º ano da faculdade, na Holanda eu consegui fazer as disciplinas de mestrado, o que me ajudou muito no meu trabalho porque, por mais que já tivesse feito aqui as matérias relacionadas ao tema, eu pude fazer com uma visão mais internacional e europeia.”
Após a conclusão do curso, Bruna não sabia ao certo qual caminho seguir para ter uma carreira na ONU. “Eu não tinha a menor ideia. Para quem é brasileiro é sempre muito difícil, pois o Brasil é um país sub representado na ONU, em termos de número de empregados. É muito difícil você saber traçar um caminho quando você não tem a menor ideia de como chegar lá.” Pesquisando na Internet, soube da oportunidade dos estágios na organização. Em 2017, Bruna foi para Genebra para um estágio não-remunerado na agência de Direitos Humanos. Após três meses, conseguiu uma vaga para estágio remunerado na Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Após o estágio, Bruna conseguiu um cargo de consultora com contrato temporário, e passou a aplicar para o mestrado, pois acreditava que não haveria possibilidade de conseguir um trabalho em tempo integral na ONU sem o diploma de mestre. “Eu passei para todos os mestrados que apliquei, cerca de 15. Consegui algumas bolsas parciais e uma bolsa integral na Finlândia. Quando estava prestes a ir, recebi uma proposta da ONU para me tornar uma empregada interna na categoria profissional, que é uma categoria muito difícil de entrar. Eu consegui esse cargo em agosto de 2019 e sou uma das pessoas mais novas, a única brasileira da minha equipe.”
Atualmente, Bruna mora em Genebra e tem um cargo de responsabilidade na ONU, onde já organizou dois workshops “International Dialogue on Migration”. Sua trajetória serve de inspiração para aqueles que desejam essa carreira, a quem Bruna ajuda a mostrar o caminho: “O número de brasileiros é muito baixo e é uma carreira muito difícil de conseguir. Mas se você quer muito, se você se esforça, as coisas acontecem. Todo mundo pode chegar lá. Muita gente vem falar comigo sobre como trabalhar na ONU. E quando eu queria, não tinha ninguém que podia me ajudar. É muito bom quando você tem uma direção. O caminho da ONU é um caminho muito diferente, que exige muito investimento, mas é um caminho possível.”